ABORDAGENS CIRÚRGICAS NA SÍNDROME OBSTRUTIVA DAS VIAS AÉREAS DOS BRAQUICEFÁLICOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

  • Autor
  • Vitória dos Santos Martins
  • Co-autores
  • Tathiana Camargos Boggione , Victor Gouvea Fernandes , Jordanna dos Santos Pereira Migliardi , Ana Paula Inácio de Marins , Rodrigo dos Santos Horta
  • Resumo
  • A síndrome obstrutiva das vias aéreas dos braquicefálicos (Brachycephalic Obstructive Airway Syndrome - BOAS) é um distúrbio respiratório congênito comumente observado em raças de cães braquicefálicos, como bulldog francês, bulldog inglês, pug e shih-tzu. A síndrome combina várias alterações anatômicas primárias, como estenose das narinas, palato mole alongado e eversão dos sacos laríngeos, que, se não tratadas precocemente, levam ao desenvolvimento de alterações secundárias, como colapso laríngeo e traqueal. Essas anormalidades causam obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores e, em alguns casos, das inferiores, aumentando a resistência à passagem do ar, dificultando a respiração e comprometendo seriamente a qualidade de vida. O tratamento cirúrgico é considerado a principal abordagem terapêutica, visando restaurar o fluxo aéreo e prevenir alterações secundárias irreversíveis. As principais técnicas envolvem a rinoplastia (ou alaplastia), a palatoplastia (ou estafilectomia) e a saculectomia laríngea. A rinoplastia consiste na ressecção de uma cunha da cartilagem alar para ampliar o lúmen das narinas, podendo ser realizada por técnicas vertical, horizontal ou lateral, geralmente com boa resposta clínica imediata. A palatoplastia tem como objetivo encurtar o palato mole hiperplásico que obstrui a nasofaringe, podendo ser feita com bisturi frio, eletrocautério ou laser, este último associado a menor sangramento e trauma tecidual. Alternativas recentes, como a técnica do “folded flap”, têm demonstrado bons resultados, especialmente em cães adultos ou idosos. Já a saculectomia consiste na retirada dos ventrículos laríngeos evertidos, indicada em casos de colapso laríngeo em estágio I. Em quadros mais avançados, pode-se considerar cricoaritenoidopexia ou traqueostomia, embora com prognóstico mais reservado. Estudos demonstram que, quando os tratamentos cirúrgicos são realizados precocemente, observa-se melhora significativa da tolerância ao exercício, redução do esforço respiratório e aumento da qualidade e expectativa de vida dos pacientes. No entanto, complicações como edema faríngeo, estenose cicatricial e necessidade de reintervenção podem ocorrer. Por isso, a avaliação pré-operatória minuciosa, com ferramentas como o escore BRisk, é fundamental para seleção adequada dos pacientes e previsão de complicações. Esse escore considera fatores como raça, condição corporal, histórico de cirurgias e presença de colapso laríngeo, classificando o risco anestésico em leve, moderado ou grave. O manejo pós-operatório também desempenha papel essencial no sucesso terapêutico, exigindo monitoramento intensivo, administração de dieta pastosa, oxigenioterapia e suporte respiratório conforme necessário. Abordagens modernas incluem o uso de bloqueios anestésicos regionais e protocolos de sedação leve, que ajudam a reduzir o estresse intra e pós-operatório, melhorando o conforto do paciente. Conclui-se que a cirurgia precoce e bem planejada é o tratamento de escolha para a BOAS, com alta taxa de sucesso quando aplicada a pacientes criteriosamente selecionados. O avanço nas técnicas cirúrgicas e a padronização dos critérios de avaliação têm contribuído para tornar o manejo da síndrome cada vez mais eficaz e seguro na rotina clínica de pequenos animais. 

  • Palavras-chave
  • Cirurgia, Braquiocefálico, Síndrome obstrutiva
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